!

Desabafos de um ser em transição

terça-feira, 31 de outubro de 2023

 


Um nó

Atado

Preso

A seco

Em um 

Total 

E completo 

Poço

De obscuridade 


Tal nó

Não 

Desata 

Ata 

Com 

Tamanha 

Intensidade 


Se emaranha

Em vários

Se sobrepondo

A uma

Realidade 

Do corpo vítreo

Tal qual 

Como 

Uma total

Desconhecida


Entra 

E forma 

Ninho 

Com tanto 

Aconchego

Que este não 

Sai

Se enraíza 


É forte 

Enfraquece 

O corpo vítreo 

Que antes 

Era 

Inabalável 

A casca deste 

Permanece 

Rígida 

Pra transparecer 

Força 

Aos outros 


O interior 

Dessa casca 

Está 

Em fraturas 

Completamente

Sem rumo 

Tentando 

Lucidar 

O caos 

Da casca 


Que permeia 

Alma 

Do 

Corpo vítreo

Se embreaga 

De cristalgadas 

Gotículas

terça-feira, 5 de julho de 2022

crônica de uma alma extraviada

  Um leve brilhante de cores cintilantes e suaves toca suavemente o rosto dele ao caminhar por uma calçada sutilmente amarronzada com pequenos arbustos que começavam a florescer, ele sentindo aquela energia quente tomar conta de seu corpo enquanto caminhava calmamente e com certa pureza de ir bailando entre cada passo que dava nesse dia tão iridescente e que começava sutilmente a formar um sorriso. 

 Nessa caminhada cambaleante, respingos d'água sobressaem nele e nesse ímpeto de felicidade e distração ele os sente e os transforma em ato de dança livre sem pretensão por essa calçada que agora vai se estendendo a uma rua larga cinza com poucos carros estacionados ali e aqui, o que não o atrapalhou de maneira nenhuma seus rodopios elegantes e solitários, mas cheios do brilho que emanava naquele dia.

  Aquele dia começava a ficar com nuances escurecidas de um leve entardecer avermelhado, ele que nessa dança voltou a sentir uma alma leve, tranquila e deveras multifacetada de cores; agora ele tem uma certeza: ele é livre pra ser quem ele quiser se envolvendo musicalmente nos passos apresentados a ele em cada trafegada dos seus passos saltava em possas d'água e as pequenas gotículas de água chamuscam em seu sapato deixando-o com pequenas manchas.

 Toda essa movimentação, ele fez com que se tornasse um presente de criança e os respingos agora já haviam se transformado em uma garoa, a qual ele aproveitou cada instante para saborear de todas as formas que encontrou. Sentindo seus cabelos e rosto molhados aos poucos e suas roupas molhadas lhe causavam estranhamente um frescor inesperado e continuou o andar dançante aproveitando cada segundo daquele dia que logo ia-se.

 Ele transpôs nesses poucos instantes algo, que nem lembrava que possuía: uma alma contente que o fazia balançar seu corpo de acordo com sua musicalidade sentindo a brisa gélida da garoa em seus  cabelos molhados o que fazia ele sentir um arrepio, que há anos não o sentia e ao mesmo tempo passava por todo seu corpo para que pudesse sentir em sua essência cada partícula dessa brisa nesse caminho que já havia se alongado mais do que esperado.

  O momento o fez perceber que esse caminhar trouxe para se o exteriorizar do melhor dia que pudesse ter vivenciado para avivar as melhores memórias antes enterradas num passado longínquo, as quais começaram aos poucos a invadir lhe seus pensamentos colorindo-os de tal forma que o anoitecer foi chegando de mansinho sem que o percebesse por estar inebriado de sensações antes tão desconhecidas e esquecidas. 

 Hoje, ele saboreia esse andar dançante por toda rua como um de ballet contemporâneo, no qual os dançarinos expôs suas emoções no trafegar dos passos e naqueles instantes que poderia haver multidão na rua e até mesmo na calçada, mas pra ele só havia ele o brilho trivial nascente que ao longo do dia foi-se alterando para um avermelhado com nuances amarelo-alaranjadas até sobrar o brilho incandescente de pontos luminosos. Esse foi o dia mais para ele, pois o fez se sentir em sua totalidade; foi nesse que ele entendeu que deveria vez ou outra seguir a sua musicalidade interna para se encontrar. 

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Homenagem ao nascer

Nasci
levemente ao
doramento trivial
sem pestanejar.

O amor maternal
me foi desviado
aos tropeços
desiguais do
descaminhar.

Começo inseguro,
incerto
frágeis raízes
avitaminadas
sem firmeza
cambaleava.

Acolhedores
e furtivos abraços
trespassavam ao meu redor, 
clamando
a tão requisitada segurança.

Ao encanto "paternal" 
por aquele que briga,
mas não cai
olha para cima
e para baixo
e mantem
o olhar sorridente.


ri e se vai....

Derivação do ser

O ser 
imposto pela sociedade
deve em sua 
magnitude 
se definir em
apenas em feminino 
e masculino. 

O "feminino" 
é sobrecarregado de todas 
as amarras 
e pressupostos exigidos 
por todes.

Com toda conturbação 
o "feminino"
não mais se
identifica assim,
aparecendo 
derivações 
tornando 
o ser radiante 
de felicidade.

O ser 
independente 
de sua derivação 
pode e deve 
lutar pelos seus ideais
definido apenas 
por uma coisa:
sua essência. 


sábado, 13 de novembro de 2021

Desabilitado


 O corpo 

Inabitado 

Há tempos 

Um preenchimento:

O vazio 


Nesse vazio 

Flores tentam nascer 

E florescer 

Mas a força do vazio 

É maior 


Semblante 

De pura inocência, 

Doçura e sonhos 

Comutando-se ao

Apático

Sem forças 

E sem vontade de lutar


A vitalidade 

Deste ser 

Um ser vítreo

Reluzente a luz do sol

Já não depara-se como antes


Esse corpo vítreo 

Se encontra em 

Crescente opacidade 

Que não permite 

O espectro furtacor 

E brilhante 

Esteja presente 

Apenas flores murchas 

Em seu interior


Todas as luzes começam 

A se apagar 

Neste ser

E percebe que a única luz 

Visível, 

Quente 

Agora habita é 

Extracorpórea. 


O ser 

Se constroem 

Em desfiles de "eus"

Cada ocasião um "eu" 

É criado para adaptação 

À viver em sociedade  



https://www.youtube.com/watch?v=WXyLdg4mJxo&list=RDGMEMQ1dJ7wXfLlqCjwV0xfSNbAVMWXyLdg4mJxo&start_radio=1


quinta-feira, 13 de outubro de 2016

(Des)pretensão

Descansa,
passos
despretensiosos
leves,
areia
gélida
sopros
desconcertantes
oscilam
o caminhar
silencioso.

Gotas
cristalgadas,
fluem
em pálido
tocante
translúcido
transpondo-se
a areia
gélida.

Efêmera
palidez
do corpo
vítreo
deriva
a cada passo
despretensioso
a singelo
véu.

Tênue
claridade
de nebulosidade
ínfima
entorpecem
quimeras.










domingo, 9 de agosto de 2015

Feitiço

Noite cálida
e fria,
teus olhos
profundos
e indecifráveis
enfeitiçam
as estrelas.

O pincelar
azulado
se deslumbra
com tamanho
o mistério
de sua aurora
boreal.


Quem és tu?
Singelo,
místico,
de leveza
sobrenatural,
despido
de serenidade,
embriagado
de intelecto.

És aquele
que habita
os campos elísios
de meus
devaneios.